sexta-feira, 9 de julho de 2010

Falar é Prata...

Sabe quando você passa por aqueles prédios altos no centro da cidade e os vê pichados, cheios de signos e letras incompreensíveis? Nunca se perguntou "que merda e essa?"
Pois então, acho que ninguém os entende. Nem mesmo os que picham.
Só pode ser inspiração súbita ou algum espírito que desce no pichador, no pior estilo Chico Xavier.

Hoje eu tava no twitter e me veio isso à cabeça. Preferindo não citar nomes, havia uma certa "amiga" falando coisas sem noção. Então lembrei dos caras que escrevem as mensagens enigmáticas.

Deve ser um desabafo interno de quem não tem muito o que dizer mesmo, não existe nada que valha opinar, nada que valha citar, proferir. E dizem merda. Expõem símbolos aleatórios que preenchem espaços vazios mas que no fim das contas de nada contam.
E você fica com aquela dúvida na cabeça "na falta do que falar, por que não calar a boca?"
É. Um mistério. Um dos maiores da humanidade. Tem gente que não sabe segurar a vontade de imensa de se fazer mostrar de alguma maneira. E quem sofre são aqueles obrigados a ouvir e ler essas coisas. Só resta sentir peninha. Coitados.

É o que eu penso.

Um Banco e Meio

Acordei atrasada ontem. Que maravilha, não é? Além de perder o fretado por 10 minutos dormidos a mais, tive a grande chance de mais uma vez pegar 2 ônibus circulares até o trabalho.

E é por isso que eu adoro trabalhar. É uma coisa que enobrece a alma, deixa a gente mais realizado por dentro. Eita coisa boa esse trem.

Enfim, lá estava eu. Na primeira etapa da minha empreitada. Em pé, próxima ao motorista, ouvindo minha musiquinha, tentando esquecer a minha própria falta de sorte. Logo no primeiro ponto após o meu, eis que entra a excursão da terceira idade.

Sei que pode parecer que eu sou uma desalmada sem coração, mas a verdade é que... bem, eu sou mesmo. Velho é uma coisa que me irrita. Não somente eles em si, mas a vontade que eles têm de fazer coisas. Caramba, meu. Eram 7:30 da manhã. Eu, se fosse velha, estaria quietinha na minha cama dormindo ou tricotando, sei lá o quê. Por que tem que acordar cedo e sair de casa? Eu nunca vou entender isso.
Começaram a subir um a um, aquele exército de cabelos branquinhos, marchando a curtos e cuidados passos em direção a roleta. Passam um, dois, três, e conforme vão passando, as pessoas sentadas vão dando lugar. Ok, taí uma coisa legal, pelo menos. Afinal de contas, mesmo sendo maldosa como eu sou, encorajo e aplaudo esse tipo de atitude.

Pois então, estou a observar (até abaixei o volume do ipod pra poder ouví-los) e, pra minha felicidade, uma das velhinhas recém-chegadas faz movimento pra se sentar em um dos bancos, ao lado da janela. Uma mocinha que estava sentada ao corredor se levantou e ofereceu "pode se sentar aqui, senhora", apontando à velhinha o lugar. Ao que ela responde "não, pode ficar. Sou tão gorda assim?"

Ê, laiá. Abri um sorriso enorme. Fiquei pensando que talvez esse seria o ponto alto do meu dia. Me deu uma vontade imensa de virar pra ela, scaneando dos pés à cabeça e jogar-lhe um "sim!" pra ela aprender o que é bom pra tosse.
Por que é que as pessoas fazem isso? Malditas retoricidades do dia-a-dia que insistem em se fazer presente. E eu impotente ouvindo tudo de camarote sem poder expressar minha opinião entalada. Isso me irrita profundamente.
Ou ela queria confete, ou a afirmação daquilo que ela mesma se dizia sempre. E, sim, ela era "gordinha", de fato. Eu não sou assim tão inescrupulosa. Só estou expressando uma sequência de fatos.

Fiquei com dó da moça que ofereceu a ela o lugar. Poxa, cá está uma coisa que não se vê todos os dias: uma pessoa sendo simpática à outra. E esta faz a questão de tornar a situação sem-graça. A reação da mocinha foi simplesmente dar um sorrisinho amarelo e se afastar pro lado. Quanto a outra, após ter deixado aquela tensão no ar, se sentou e, lógico, ocupou um banco e meio. Pelo menos espero que ela tenha tido a resposta pela qual esperava.

É o que eu penso.

quarta-feira, 7 de julho de 2010

Gênesis

A idéia pra esse blog surgiu depois das inúmeras vezes em que ouvi essa frase. "Ei, moça, seu cadarço tá desamarrado." E pode apostar que, a cada dez vezes que ela é dita, em oito é seguida de "cuidado pra não cair."
Daí deu vontade de falar o que eu realmente penso sobre isso. E outras coisas mais. Mesmo que ninguém queira saber a minha opinião, eu vou falar.

Agora, voltando ao cadarço, vamos parar pra pensar um pouco. Volte uns 10 anos na sua mente. Lembre-se de você mesmo como uma criança serelepe brincando de amarelinha, pula-cela, esconde-esconde e correndo com seus cadarços soltos e desamarrados, sem mostrar nenhum tipo de preocupação com seu próprio bem-estar. Consegue ouvir aquela vozinha lá do fundo da sua casa dizendo "amarra esse cadarço pra não levar um tombo!"
Essa era, provavelmente a voz da sua mãe. Em casos mais extremos, a sua vó. Pessoas que são totalmente responsáveis por cuidar que você não se estrebuche. Seja naquela época ou agora.
Não me entendam mal as pessoas que querem praticar o bem e avisar o próximo quanto ao cadarço solto. O bem deve ser praticado de todas as formas possíveis e eu acredito que a menor das ações benéficas deve ser encorajada.

Mas o que me deixa realmente... er... digamos "irritada" é o acompanhamento desse prato principal. Que eu me lembre, já não tenho mais 10 anos de idade. As minhas atividades diárias não mais incluem pular amarelinha - meus pneuzinhos que o digam. Costumo ser bem sedentária hoje em dia, literalmente me arrastando ao andar.
Estão entendendo o que eu quero dizer? Não vou cair, gente. Quem me conhece sabe que o meu cadarço está sempre solto. Ele adora esse sentimento de liberdade. Temos um acordo, somos velhos conhecidos, confiança é a base do nosso relacionamento. Eu digo a ele que pode ficar largado, ele diz a mim que não vai se emaranhar.

É óbvio que nem todo mundo está consciente desse nosso bem-bolado. Aliás, não acredito que qualquer um esteja. E também não dá pra sair por aí divulgando o fato. Mas só queria que as pessoas parassem um instante e ponderassem. Pensa bem. Você sabe porque essa é uma coisa que gostam de comunicar? Porque não parece evasivo demais. Quantas vezes estranhos já te avisaram que sua calcinha estava aparecendo? É feio falar isso. Parece que a pessoa tá reparando em você. Mas acredite, existem várias pessoas reparando em você - em silêncio, é claro.
No entanto, te avisar da ameaça iminente de cair no chão é, aparentemente, mais excusável do que o mico da rendinha vermelha. Vai entender...

Bom, de qualquer maneira, meu ponto é o seguinte: não acho que estejam realmente preocupados com o fato de eu cair ou não. Quer ver? Responda essa: qual é a sua primeira reação quando alguém cai? Seja sincero e ceda aquela risadinha que vem do fundo do seu âmago. Somos seres-humanos e não importa a grandeza e bondade de nossos corações; dá vontade de rir. Ou seja...
E pra acabar, boa ação por boa ação, seria legal se alguém me avisasse também quando tem uma folha de alface presa no meu dente ou mancha de ketchup na minha blusa, não acha?

É o que eu penso.