Acordei atrasada ontem. Que maravilha, não é? Além de perder o fretado por 10 minutos dormidos a mais, tive a grande chance de mais uma vez pegar 2 ônibus circulares até o trabalho.
E é por isso que eu adoro trabalhar. É uma coisa que enobrece a alma, deixa a gente mais realizado por dentro. Eita coisa boa esse trem.
Enfim, lá estava eu. Na primeira etapa da minha empreitada. Em pé, próxima ao motorista, ouvindo minha musiquinha, tentando esquecer a minha própria falta de sorte. Logo no primeiro ponto após o meu, eis que entra a excursão da terceira idade.
Sei que pode parecer que eu sou uma desalmada sem coração, mas a verdade é que... bem, eu sou mesmo. Velho é uma coisa que me irrita. Não somente eles em si, mas a vontade que eles têm de fazer coisas. Caramba, meu. Eram 7:30 da manhã. Eu, se fosse velha, estaria quietinha na minha cama dormindo ou tricotando, sei lá o quê. Por que tem que acordar cedo e sair de casa? Eu nunca vou entender isso.
Começaram a subir um a um, aquele exército de cabelos branquinhos, marchando a curtos e cuidados passos em direção a roleta. Passam um, dois, três, e conforme vão passando, as pessoas sentadas vão dando lugar. Ok, taí uma coisa legal, pelo menos. Afinal de contas, mesmo sendo maldosa como eu sou, encorajo e aplaudo esse tipo de atitude.
Pois então, estou a observar (até abaixei o volume do ipod pra poder ouví-los) e, pra minha felicidade, uma das velhinhas recém-chegadas faz movimento pra se sentar em um dos bancos, ao lado da janela. Uma mocinha que estava sentada ao corredor se levantou e ofereceu "pode se sentar aqui, senhora", apontando à velhinha o lugar. Ao que ela responde "não, pode ficar. Sou tão gorda assim?"
Ê, laiá. Abri um sorriso enorme. Fiquei pensando que talvez esse seria o ponto alto do meu dia. Me deu uma vontade imensa de virar pra ela, scaneando dos pés à cabeça e jogar-lhe um "sim!" pra ela aprender o que é bom pra tosse.
Por que é que as pessoas fazem isso? Malditas retoricidades do dia-a-dia que insistem em se fazer presente. E eu impotente ouvindo tudo de camarote sem poder expressar minha opinião entalada. Isso me irrita profundamente.
Ou ela queria confete, ou a afirmação daquilo que ela mesma se dizia sempre. E, sim, ela era "gordinha", de fato. Eu não sou assim tão inescrupulosa. Só estou expressando uma sequência de fatos.
Fiquei com dó da moça que ofereceu a ela o lugar. Poxa, cá está uma coisa que não se vê todos os dias: uma pessoa sendo simpática à outra. E esta faz a questão de tornar a situação sem-graça. A reação da mocinha foi simplesmente dar um sorrisinho amarelo e se afastar pro lado. Quanto a outra, após ter deixado aquela tensão no ar, se sentou e, lógico, ocupou um banco e meio. Pelo menos espero que ela tenha tido a resposta pela qual esperava.
É o que eu penso.
VÉIA GORDA!!!
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